Alerta

Férias e telas: como equilibrar o uso de eletrônicos na infância

Psicóloga alerta para os impactos do uso excessivo de telas e orienta como manter o equilíbrio durante o período de recesso escolar

Com mais tempo livre durante as férias, é comum que crianças e adolescentes passem mais tempo em frente às telas. Celulares, tablets, videogames e televisão se tornam companhias constantes, mas o uso excessivo pode afetar o desenvolvimento infantil. De acordo Maria Laura Souza, psicóloga e professora da Universidade Potiguar (UnP), integrante do maior e mais inovador ecossistema de qualidade do Brasil: o Ecossistema Ânima, embora não exista uma regra universal, já há evidências de prejuízos associados à exposição exagerada.

“Entre os sinais de alerta estão a irritabilidade, desatenção, impulsividade, agitação, dificuldade em lidar com frustrações e perda de interesse por atividades que antes eram prazerosas, como brincar, desenhar ou ir à piscina. Se a criança começa a rejeitar o que antes gostava, isso pode ser um sinal de que a tela está ocupando um espaço maior do que deveria”, aponta a psicóloga.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda limites de tempo de tela para cada faixa etária, mas a professora destaca que essas orientações devem ser adaptadas à rotina familiar. “Mais importante do que seguir um número exato de horas é observar quando a criança começa a apresentar comportamentos prejudiciais”, explica.

Segundo Maria Laura, a substituição das telas precisa ser atrativa. Retirar o celular ou o tablet sem oferecer uma alternativa interessante pode gerar resistência. “Por exemplo, você sabe que a sua criança gosta de pintar. Então, compre tintas de várias cores diferentes, papéis, revistinhas de pintar, coleções, para estimular ela a fazer aquilo no tempo livre”, diz.

Rotina também nas férias

Mesmo durante o recesso, manter uma rotina pode ajudar no controle do tempo de tela. Uma dica é envolver a própria criança no planejamento, sempre oferecendo escolhas limitadas. “Você pode pedir a ajuda da criança para criar a rotina. Por exemplo, se você define que agora, nas férias, ela vai poder usar de duas a três horas de tela por dia, pode perguntar: ‘Você prefere utilizar suas duas horas pela manhã ou à tarde? Prefere fracionar ou usar de uma vez?’”, orienta a docente da UnP.

De acordo com a psicóloga, essa estratégia também contribui para o senso de responsabilidade. “Colocar a criança para realizar algumas tarefas, como organizar a própria cama, arrumar os brinquedos, e também permitir que ela tenha tempo ocioso para utilizar sua criatividade”, completa.

Telas e o cérebro infantil

Segundo a professora, o impacto do uso excessivo de telas está diretamente ligado ao funcionamento do nosso cérebro, mais especificamente ao sistema de recompensa. “A tela mexe diretamente com o sistema de recompensa do nosso sistema nervoso. Isso vale para todos: adultos, crianças, idosos, adolescentes. Qualquer ser humano que utilize telas, como o telefone, terá esse sistema ativado”, explica.

Esse mecanismo cerebral é responsável por associar determinadas atividades à sensação de prazer. No caso das telas, o estímulo é tão intenso que acaba se tornando mais atrativo do que outras experiências do cotidiano. “Usar o celular é muito mais recompensador do que brincar, interagir com outras pessoas ou se dedicar a uma tarefa. E a perda dessas habilidades impacta diretamente na concentração, na criatividade e na interação social”, pontua a especialista.

A professora ainda destaca que, para o cérebro, atividades como ler um livro, pintar ou jogar um jogo de tabuleiro exigem esforço e oferecem recompensas mais lentas e menos intensas. “O estímulo da tela é muito mais atrativo. Por isso, a criança perde facilmente o interesse por atividades que antes poderiam ser prazerosas. Isso prejudica a concentração, porque ela não consegue sustentar a atenção por muito tempo, e afeta também a criatividade e o convívio social, que demandam mais esforço mental”, afirma.

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