Fiocruz alerta para aumento de casos de viroses no RN
O Rio Grande do Norte entrou em situação de alerta para aumento de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), segundo o mais recente boletim InfoGripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), referente à Semana Epidemiológica 14, entre 30 de março e 5 de abril de 2025. A publicação, divulgada no dia 10, aponta tendência de crescimento da doença, especialmente entre crianças e adolescentes de 2 a 14 anos. Embora ainda não haja confirmação laboratorial do vírus responsável, pesquisadores da Fiocruz indicam provável predominância do rinovírus nessa faixa etária.
O boletim informa que o estado apresenta nível de incidência de SRAG em “alerta” nas últimas duas semanas, com crescimento sustentado nas últimas seis. O documento destaca que o cenário exige atenção das autoridades, principalmente pela aproximação do período chuvoso no estado, quando há aumento da circulação de vírus respiratórios e maior demanda por atendimento de saúde.
“Na presente atualização, observa-se que 13 das 27 unidades federativas apresentam nível de incidência de SRAG em alerta, risco ou alto risco (últimas duas semanas) com sinal de crescimento na tendência de longo prazo (últimas 6 semanas) até a semana 14: Acre, Amapá, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Rio Grande do Norte, Roraima e Sergipe”, diz o boletim.
Para o médico epidemiologista Ion de Andrade, as viroses respiratórias seguem um padrão cíclico ligado ao clima. “As viroses respiratórias estão mais relacionadas com a época de chuvas, porque as pessoas ficam mais concentradas em ambientes até para se proteger da chuva”, explica.
Ele também destaca que o aumento da umidade favorece a disseminação. “Também aumenta a sobrevivência das microgotas no ar, portanto há uma tendência de aumento do contágio. A gente ainda não entrou propriamente na época das chuvas, de maneira que acho que esse cenário pode se incrementar mais com a volta das chuvas”, analisa.
O monitoramento da SRAG no Brasil é feito com base nas notificações do SIVEP-Gripe. Segundo a Fiocruz, entre os casos confirmados nas últimas quatro semanas, os vírus mais identificados foram o vírus sincicial respiratório (VSR), rinovírus, influenza A e B, e SARS-CoV-2. No primeiro trimestre de 2025, a maioria dos casos foi causada pelo VSR, principalmente em crianças de até dois anos. Já entre crianças maiores e adolescentes, o rinovírus é o mais comum.
O especialista reforça a importância da vacinação contra a gripe, especialmente com a proximidade do período de maior incidência. “Para a gripe há um calendário nacional de vacinação que precisa ser respeitado por todos porque estimula a formação de uma imunidade prévia à explosão do momento de pico da gripe”, pontua.
Ion de Andrade destaca a necessidade de se antecipar, especialmente em Natal e na Região Metropolitana, onde as chuvas costumam se concentrar no meio do ano. “É importante que as pessoas já estejam imunizadas no momento em que o contágio vai ser mais importante”, alerta.
Com base nos dados climáticos e epidemiológicos, a previsão é de aumento na procura por atendimentos nas unidades de saúde da capital nas próximas semanas, especialmente entre os mais vulneráveis. O médico orienta atenção redobrada para crianças, idosos, gestantes e pessoas com comorbidades . “Estamos a praticamente mês e meio do início da época das chuvas, de maior umidade, que coincide também com o aumento do número de viroses respiratórias. Por isso, é preciso que nesse momento a pessoa já tenha desenvolvido imunidade para gripe”, afirma.
Ion de Andrade lembra que, mesmo parecendo comum, a gripe representa risco para grupos vulneráveis. “A depender do tipo, ela pode ser grave em certos grupos de risco. Antes da Covid, a doença respiratória que mais preocupava já era a gripe, porque tem grupos de risco, como gestantes e idosos, por exemplo”, completa.
O boletim ainda mostra que, entre os óbitos por SRAG nas últimas quatro semanas no país, 57,9% tiveram confirmação de Covid-19, 19,5% por rinovírus, 11% por influenza A e 6,7% por VSR. (Com informações: Tribuna do Norte)